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Renascer

Renascer

Olá!!!!

Já não vinha aqui falar há uns dias. Na quinta-feira comecei o meu estágio de Serviço Social, que consiste no momento que antecede a abertura de um centro de atividades para pessoas reformadas. Até aí tudo bem, estive a tratar das fichas de inscrição para os utentes, entre outras papeladas importantes. Fora as dores de pés, fruto dos novos sapatos com algum salto e a correria entre comboios, correu bem.

Até que.........

Antes de ontem, dia 10 de abril, por volta das 10h30 estava a fazer a sopa para o almoço. Já com todos os legumes arranjados e dentro da panela, aproveitei para cortar o resto da abóbora em pedaços para a congelar. Mal sabia eu o que me esperava!!

Cenário: 

- Uma tábua de madeira;

- Uma faca nova a estrear;

- Uma abóbora com uma casca muito dura por tirar;

- Uma jovem distraída com pensamentos do dia a dia.

Ao pensar em toda a situação, vem a ansiedade ao de cima.

Portanto, a faca afiada a cortar a casca da abóbora e......... um dedo polegar cortado! Nunca vi nada assim na minha vida. Não foi um simples golpe... A parte "gorda" do dedo estava literalmente separada. O meu coração parou. Berrei até não conseguir mais, de certo que todo o prédio me ouviu. A andar de um lado para o outro a berrar com a voz que não sabia ter, à procura da minha parceira. 

Quando dei por mim, era roupa, chão da casa, paredes, tudo coberto de sangue e dois bombeiros a entrar pela sala a dentro.

Volto a olhar para a mão coberta de sangue enquanto me fazem um penso à pressa e grito e grito.

Descemos para a ambulância, deitam-me na maca, medem-me a tensão e a máquina apita. Pedem com preocupação para me acalmar porque a tenção estava demasiado alta. Chegamos ao hospital em 5 minutos. Passo logo pela triagem, numa questão de 1 minuto e encostam-me numa salinha sozinha. 

Eu chorava, chorava, desta vez para dentro.

Um dedo "descolado" e uma jovem que nunca sofreu nenhum tipo de acidente, nunca partiu nada em nova, ou seja, sem qualquer experiência, ali, sozinha à espera para ser cozida.

Passaram 5,10,15 minutos e o choro que até outrora era silencioso, passou para um ataque de pânico, com a respiração acelerada e as pernas a tremer. O segurança do hospital estava relativamente perto e veio ao meu encontro, empurrando a cadeira de rodas diretamente para a maca onde ia cozer o dedo.

Deito-me, duas enfermeiras do lado direito e um médico ainda a calçar as luvas do lado esquerdo. 

Faço questão de referir que não quero sentir muita dor, que estava aflita, mas acho que até um cego naquele momento perceberia isso.

Peço para me dizerem cada passo do procedimento para estar à espera de uma possível dor. Mal sabia eu que a anestesia consiste numa picada de agulha literalmente no sítio do ferimento. Peguei na mão de uma das enfermeiras e gritei até não poder mais. Em menos de um minuto deixo de sentir a mão, o médico diz que já está a pôr os pontos e eu feliz por não sentir, no início do terceiro ponto senti e não foi pouco. Mais uma dose de anestesia, gritei, chorei, disse asneiras, tudo o que senti naquele momento. A máscara já não me tapava a cara da maneira correta mas fiz questão de afirmar que no dia anterior tinha sido testada no estágio (outra nova aventura por contar um dia). Com a mão de novo dormente, a camisola do pijama encharcada e uma cara de quem parece que fumou três ganzas seguidas, lá acabou a tortura, já com o penso feito.

O médico perguntou o que tinha acontecido, e acabei por contar que ainda à duas semanas +/- tinha sofrido uma forte queimadura na mesma mão, também a fazer sopa, nomeadamente a bater a sopa, com ela a ferver.

Chegamos todos à conclusão que tenho de comprar uma Bimbi.

Entre lágrimas de dor, e risos cansados, ainda a processar o que tinha acontecido, levantei-me e fui embora.

Ao sair da sala, tinha todo um círculo de pessoas a olhar com cara preocupada para mim. Não sei o que é pior, a mão ensanguentada, todo o cenário de pijama sem sutiã e ténis brancos ou o cabelo descabelado. Percebi que todos ouviram e bem o que se passou ali dentro. Um dos senhores que se encontrava sentado acabou por me dizer algo, mas ainda dorida e dormente, não consegui perceber as suas palavras, só queria saber por onde era a saída.

Chamei um táxi, e toda esta brincadeira levou-me 5€ de viagem, cinco minutos!!!! Dei a minha opinião em relação ao preço, ao que o mesmo refere que aos fins de semana, feriados e horário noturno a conta é mais alta.

Pffff, se soubesse tinha-me cortado durante a semana!!! 

Enfim, agora aqui estou eu, com um dedo cozido, entre sestas e medicação. 

Não é de todo agradável sentir um penso colado ao dedo, não conseguir fazer todas as tarefas diárias, e imaginar que debaixo deste está um dedo a voltar a colar-se. 

A imagem do dedo ainda me vem à cabeça diversas vezes durante o dia, sobretudo antes de adormecer, o que complica a ansiedade que sinto.

Hoje vou ao posto médico ver como estão os pontos e trocar o penso. Se tudo correr bem, na sexta-feira já os tiro. Vamos lá ver!!

Depois dou notícias.

Mas por favor, uma lição:

NÃO usem facas novinhas e afiadas com alimentos de casca dura e a pensar no dia de ontem!!!!

Cuidem-se 

 

2 comentários

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    Alice 🦋 14.04.2021

    Muito obrigada!!!
    Boa continuação de semana também
  • Comentar:

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